sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Capitulo 3
Nova York
Novembro de 2012
Gabriel, um dos homens mais importantes do mundo, estava sentado em sua poltrona luxuosa de couro, na cobertura de um de seus numerosos edificios no coraçao de Nova York, The Touraine. Construido por uma de suas varias companias publicas, a Toll Brothers, os apartamentos do predio aonde ele morava tinham um preço inicial de $20 milhoes de dolares. Sua cobertura foi construida especificamente para ele, com uma decoraçao rustica, relembrando as cortes Italianas entre os anos de 1400 e 1450, mas sem muitas cores ou luxo, mais parecendo uma corte de um rei guerreiro do que de um rei pomposo. As paredes eram de concreto com acabamento em pedras rusticas cinzas de varios tons diferentes. Espadas pinduradas e armaduras antigas decoravam o local, bandeiras antigas de idades diferentes, representando varios imperios que um dia significavam tanto para ele. Cada bandeira representava uma vida, um nome assumido, alguns amores, e mortes incontaveis, de inimigos e inocentes.
A primeira bandeira e a mais antiga era de uma legiao Romana, sua cor vermelha e dourada ja desbotada. Essa era a bandeira que ele mesmo carregava em batalha quando era jovem, ele tinha um carinho especial por ela, porque foi nos campos de batalha romano que ele com apenas 15 anos matou pela primeira vez. Aquela epoca o formou como homem e o ensinou sobre a crueldade humana. Debaixo da bandeira romana de sua legiao estavam pinduradas as duas espadas gladius que ele carregava na epoca como se fossem parte de seu corpo. Seu corpo foi forjado nos campos de batalha, e sua mente amadurecida com as filosofias de vida de Epictetus, seu antigo e primeiro mentor. Vinte anos ele deu para o mais grandioso Imperio que o mundo ja viu, e sua carreira acabou quando ele afundou sua lamina no pescoço do Imperador Caligula. Um Imperador Romano que se deliciava em prostituir as esposas dos Senadores, ate que um deles pagou Gabriel para manda-lo para inferno, mas isso era apenas uma memoria agora, da vida que ele conheceu quando seu nome era Cassius Chaerea. Logo depois desse evento, ele embarcou em uma outra jornada...uma pela qual a unica saida era a completa destruiçao de seu corpo.
Gabriel olhou para as sombras, sua mente se enchendo de um presentimento, percebendo que ele nao estava mais sozinho. Gabriel relaxou em sua poltrona continuou a ler o livro que estava em suas maos, com um sorriso de quem estava achando graça da situaçao.
"Voce ja leu a biblia?" Perguntou Gabriel a escuridao, folhando uma das paginas de seda, sua voz se espalhando pela sala, enchendo o vazio.
Das sombras, um par de olhos amarelos como ouro observavam o homem que estava sentado e lendo. Ele estava usando um terno de tres botoes preto, uma camisa branca de seda por baixo, sapatos negros e lustrados brilhavam abaixo da luz das chamas de sua lareira. Gabriel tinha cabelos escuros e bem cortados, longos ate o pescoço penteados para tras, labios finos e um nariz romano encurvado elegantemente. Um rosto feito para comandar autoridade e impor respeito, mais do que instigar o desejo carnal de mulheres, mesmo assim seu charme sempre seduzia a quem ele desejava. Suas maos folhavam o livro casualmente, aneis de ouro e pedras preciosas em tres dedos de cada mao, uma corrente grossa de ouro no punho e pescoço decoravam seu porte atletico e autoritario.
"Eu tenho um carinho por esse livro. Nao sei se voce sabia, mas meu avo participou da crucificaçao de um dos homens que foram crucificados com Cristo. Ele estava la naquele dia. Meu avo, que foi um capataz, um cao romano que matava filhos ainda na barriga de maes, morreu jurando que Cristo era o filho de Deus. Ainda posso escutar a sua voz, cheia de tanta certeza...tanta fe...Ele morreu um homem cristao, e tambem meu pai e seus irmaos..." Disse Gabriel, com uma calma estoica, ainda se dirigindo as sombras, como se estivesse falando com alguem presente.
"E tambem temos a lenda de que nos viemos a existir porque compartilhamos da maldiçao de Cain, nosso primeiro pai...O que voce acha disso? Voce acredita?" Perguntou Gabriel, sua voz sincera e cheia de curiosidade.
"Eu devia te-lo matado...Ha muito tempo atras..." Disse uma voz bestial, rosnando de uma das sombras da sala, alta e poderosa de uma maneira em que nao se podia saber da onde o som estava vindo.
"Ah....Mas voce bem que tentou, e nao conseguiu. Ainda me lembro da primeira vez que nos enfrentamos no campo de batalha...o cheiro do campo molhado de chuva e encharcado de sangue, a luz do fogo queimando arvores verdes e carne humana, o som dos gritos de homens caidos e mutilados, metal contra metal deixando surdo pessoas a milhas de distancia. Disse Gabriel, ao dono da voz feral e continuou.
"Voce, um germanico vestido de peles de varios animais diferentes, sujo e com um machado velho de duas maos...Eu ainda lembro dos seus olhos, uma vontade de viver, de vingar a morte de centenas de pessoas da sua tribo, de defender o seu lar. Tive muita pena de voce e dos outros cães que estavam la naquela manha" Continuou Gabriel, ainda sentado e folhando o livro. Seu tom de voz era mais informativo do que cheio de desculpas.
"E voce tentou me matar muitas outras vezes ao passar de todas essas centenas de anos, e nunca conseguiu. Eu ja perdi a raiva de voce a muitos seculos atras, agora eu tenho uma extranha admiraçao, ja que voce veio a pertencer ao meu mundo tambem, e ainda ao mesmo tempo continuando no seu...Se voce quiser tornar essa nossa visita em mais uma oportunidade de testar a sua sorte, sinta-se a vontade. Apenas ouça-me primeiro." Disse Gabriel, levantando-se com o livro nas maos, e virando-se diretamente para onde a besta estava escondida nas sombras, olhando para a escuridao. Sua voz estava cheia de entendimento e seriedade, como se o que ele estivesse a prestes dizer fosse um peso qual ele quase nao era capaz de suportar.
"Continue..." Disse a fera ainda nas sombras, sua voz cheia de rancor e odio. So som da sua respiraçao, molhada e profunda, chiando e rosnando, era como se fosse um som de fundo que partia de todos os cantos da sala.
"Alguns eventos ja estao acontecendo, que vao garantir a destruiçao da maioria da populaçao do mundo, incluindo a populaçao do meu povo...e do seu primeiro povo tambem..." Gabriel disse essa frase com tanta certeza, e convicçao, seus olhos cheio de esperança e algo dentro de si disse a Besta que o que seguiria da boca de Gabriel poderia definir seu destino para sempre. A besta permaneceu em silencio, deixando o homem continuar.
sábado, 22 de dezembro de 2012
Capitulo 2
Nova York
Novembro de 2012
Dia Seguinte
O Detetive e Investigador De Homicidios de Nova York Harry Hamilton estacionou seu toyota prius na frente da boate, com um cafe barato e um donut amanhecido nas suas maos fofas. Puto da vida porque o seu celular tocou as 3 horas da manha e era urgente. Um desses maniacos lazarentos explodiu a cabeça de uma mulher dentro de uma boate, no meio de todo mundo, e no tulmulto, os seguranças da boate foram mortos tambem. Mais uma bosta de um caso de ataque em publico, que com certeza ia fazer com que o Chefe de Policia o prensasse pra ser resolvido o mais rapido possivel.
Ele saiu do carro, seus sapatos marrons de bico fino, combinando com o seu cinto, fazendo um som de cuica andando na neve grossa que caia aquele noite. O lugar estava bloqueado por viaturas que iluminavam a rua inteira com suas sirenes azuis e vermelhas. Ele se aproximou e se enfiou embaixo da cinta amarela que barrava os reporteres, e logo foi cumprimentado pelos oficiais que estavam no local. Ao entrar pela porta, ele notou os corpos dos seguranças. Um era ruivo, gordo e alto, provavelmente jogou futebol americano na faculdade, esparramado no chao como um porco morto do lado de uma das portas, sua garganta lascerada. Mesmo a distancia se podia notar que o objeto usado para degolar o montanha nao foi uma lamina. A garganta dele estava simplesmente rasgada, parte da pele pindurada no pescoço, a outra parte numa poça de sangue meio coagulada. O outro segurança, um homem negro, fisiculturista e com o cabelo cortado estilo militar, estava sentado e morto perto da outra porta, nao avia sangue no corpo nele, somente na sua boca, nariz e ouvidos. Um dos policiais disse que os ossos do seu peito estavam completamente estilhaçados, como se o segurança tivesse tomado varias marretadas no peito, com toda a força, varias vezes no mesmo lugar.
"Que merda...cade o video de segurança dessa boate?" Falou Harry Hamilton, meio paralizado quando ouviu a descriçao da causa da morte do segurança bombado.
"Estamos averiguando isso agora senhor. La em baixo a coisa ta pior" Respondeu um dos policiais, um jovem latino de meio porte, sobrenome Sanchez. Tava na cara que o jovem estava meio chocado, Hamilton deu um sorrizinho de merda, relembrando sua cama d'agua aconchegante. So faltava uma mulher pra aquecer a noite mais ainda, e esse pensamento o deprimiu. Ja fazia uns cinco anos que ele estava na seca.
"Fica aqui e mantem esses reporteres lazarentos longe desses dois, eu vou la em baixo" Disse Hamilton com uma voz de autoridade, afinada pela sua papada.
O policial se dispensou, e foi seguir a suas ordens, debaixo de neve grossa, e de luzes de cirenes de umas doze viaturas e ambulancias.
Harry Hamilton desceu a escadaria, com uma mao na parede. Seus joelhos doiam, com certeza por causa dos 55 quilos extras que ele carregava pelo seu corpo redondo e rosado, como um bebe fofo que nunca realmente envelheceu, so cresceu de tamanho.
Quando os investigadores que estavam embalando pedaços de corpo e outras evidencias, ouviram o som do sapato do gordinho se aproximando, uns ja suspiraram, se preparando mentalmente para lidar com o mala do Hamilton. Os investigadores o detestavam porque ele era um gordo folgado e chato pra cacete, as investigadoras o desprezavam porque ele sempre estava tentando seduzir alguem.
Hamilton se aproximou de um corpo sem cabeça de uma mulher, e sentiu o seu coraçao acelerando. Mesmo com mais de 20 anos de experiencia na policia, ver um corpo tao multilado assim nunca era facil. A mulher estava dura, e o cheiro de morte estava tao grosso que ele quase vomitou. Ele pegou um lenço branco do seu bolso para cobrir seu narizinho, que era como se fosse uma coxinha pequena no meio do bolo fofo de sua face. A mulher teve sua cabeça explodida por uma doze de cano duplo, isso era certeza, dois cartuchos com 6 balas de 9mm cada um. Ele deu um passo, e sentiu o chao meio liso e molhado. Ele olhou pra baixo e nao conseguiu ver aonde estava pisando, so viu uma camisa branca abotoada, esticada ate o limite, cubrindo sua barriga mole, inchada de chopp e pizza. Sua barriga era como um escudo mole que bloqueava a visao de seu pau a mais de 8 anos. Depois de se inclinar o suficiente, ele viu que estava pisando em cerveja derramada.
O local inteiro estava cheio de garrafas e copos de bebida derrubados no chao, alguns telefones celulares e outros objetos pessoais, o lixo fazia um caminho que levava ate a porta. Na parede perto do corpo decapitado, um jorrao de sangue e pedaços de corpo decoravam do chao ate o teto, como uma fonte vermelha congelada no tempo.
"Levem essa mulher daqui e me informen quando ela estiver na autopsia" Disse Hamilton, querendo acabar logo com o que ele veio fazer e voltar para seu apartamento, pra compensar o sono perdido.
"Detetive, o video da camera de segurança esta pronto" Disse uma policial morena, com uma voz grossa e tipao de macho, gorda e de cabelo rastafari, engomado de poeira e sujeira em varios charutos finos, saindo debaixo de sua boina. Hamilton nao se importava com as lesbicas feias, se essa fosse uma lesbica gostosa, ele iria cair matando em cima como sempre. Ele deu um sorrizinho forçado e andou para o escritorio de segurança. Chegando la, ele viu varias televisoes de segurança antigas, nada muito sofisticado, mas funcionando.
O video começou com um homem alto, com ombros largos vestido com um sobretudo, prensando uma loira que estava vestida como a difunta contra a parede, beijando-la. Um beijo devagar, sedutor, com mais lingua que labios. De repente, quatro pessoas, dois homens e duas mulheres os cercaram e começaram a conversar. Hamilton pode perceber mesmo pelo video sem som que a difunta estava nervosa. Depois de uma breve conversa, o homem de cabelo longo e escuro, tirou uma escopeta de cano cerrado e colocou embaixo do queixo da falecida. Ela estava implorando para viver, isso era facil de ver mesmo nesse video, e momentos depois a cabeça dela explodiu, pintando a parede atras dela de sangue e partes cerebrais, uma gota de sangue atingiu a lente da camera. Sangue, pedaços dela e faiscas das luzes do teto cairam ao redor dos quatro e do atirador.
No mesmo segundo que isso aconteceu, os quatro que os cercavam viraram o corpo e protegeram seus olhos, e algo incompreensivel aconteceu. O homem que explodiu a cabeça da mulher saltou quatro metros e meio no ar, e começou a engatinhar de ponta cabeça no teto, como um lagarto, rapido e com agilidade, ate ele sair do campo de visao da camera. Os quatro voltaram a olhar para a mulher, caida no chao, sangue jorrando da abertura de seu pescoço. Eles sacaram pistolas automaticas e começaram a vasculhar o local, a multidao na boate se atropelavam para chegar ate a porta, se empurrando e pisoteando, e os quatro se enfiaram na multidao procurando o atirador.
Uma outra camera, na saida, mostrou os 2 seguranças olhando pra dentro, botando a mao em seus audiofones como se estivessem escutando ordens, e ficaram na porta procurando alguem dentro a multidao que saia pela porta desesparadamente. Um homem alto, de cabelos negros e longos, vestido como o atirador saia de dentro da multidao, tentando se misturar com o povao, mas os 2 seguranças se afundaram no povo e tentaram agarrar o homem. Os dois gorilas seguraram cada um, um braço do homem, e o povo em volta gritando e correndo ao virem o transtorno. O homem sacudiu o segurança negro e bombado de seu braço como se fosse uma criança, jogando ele no chao. O segurança ruivo ainda tentava dominar o atirador, quando o atirador passou sua mao pela garganta dele, uma linha grossa e amarela apareceu, a pele de sua garganta arrancada, a gordura do papo exposta, e o segurança imediatamente largou o atirador, e ao levar suas maos para sua propria garganta, sangue jorrava como uma cachoeira do corte. O segurança ruivo deu uns passos pra tras, perdeu o equilibrio e caiu, na mesma posiçao que Hamilton o viu, sangue quente pintando suas maos e o chao de vermelho escuro. O segurança bombado se levantou e partiu pra cima do atirador, tentando se jogar em cima dele para derruba-lo. Foi quando o atirador virou e deu um soco no meio do peito do segurança, que o jogou violentamente para tras, batendo suas costas contra a porta. O atirador ficou parado por alguns segundos, enquanto o segurança negro sentava lentamente no chao, parando de respirar, seus movimentos cada vez mais devagares...sangue começou a sair de sua boca e nariz.
O atirador olhou pra dentro, como se estivesse procurando alguem, com certeza os quatro que o cercaram anteriormente, e saiu correndo no meio da rua, parando carros e sumindo do campo de visao da camera. Hamilton assistiu o video ate o fim, e nao conseguiu ver os quatro que cercavam o atirador e a mulher saindo.
"Tem uma nova droga nas ruas. Olha so o que esse desgraçado fez" Disse Hamilton, mais pra ele mesmo do que para os outros policias em volta dele. "Eu quero fotos do teto, quero ver que tipo de equipamento esse cara usou pra andar assim, deve ser alguma coisa militar que foi roubada, nunca vi isso antes...engatinhar em teto..."
Nesse instante, o telefone de Hamilton tocou, era o Patologista, que com certeza a uma hora dessas estava processando o corpo da mulher. Hamilton atendeu o telefone e disse "Hamilton". Ele era uma daquelas pessoas que atendia o telefone e falava o seu proprio nome, e isso irritava a qualquer um.
"Eh, Hamilton...eu sei que eh voce." Disse o doutor na outra linha, com uma voz tentando mascarar o desprezo pelo detetive. "
"Aqui eh o Dr. Larita...voce deve vir aqui agora. Tem algo errado com esse corpo...voce vai querer ver isso, acho que e importante." A voz do doutor estava cheia de duvidas e desentendimento...perguntas para quais ele nao tinha resposta.
"To indo" Disse Hamilton, desligando na cara do Doutor sem falar tchau. Outro maneirismo de Hamilton que irritava todo mundo. E Hamilton levou o seu corpo rosado e fofo ate o seu carro hibrido, odiando o seu trabalho mais uma vez, e começou a dirigir ao morgue.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Capitulo 1
Genesis, Capitulo 4, versiculos 8 a 15.
"8 Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
9 Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?
10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
11 Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar.
14 Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
15 O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse."
Capitulo 1
Nova York,
Novembro de 2012
Amanda o seguiu, mesmo se sentindo meio fora do lugar. Ele a puxava pela mao, a mao dele grossa, branca, cheia de cicatrizes e arranhoes. A mao dele segurava na dela como uma cobra, e a unica coisa que ela conseguia fazer era andar, e ela queria segui-lo. Ele era alto, com certeza com mais de 2 metros de altura, de ombros largos, com cabelos negros e longos ate a cintura, um cabelo engomado e sujo, nojento a qualquer um, sua cara era branca e palida, seus olhos negros fundos na sua face.
Ela notou que quando ele a puxava, os outros na rua apenas olhavam pra eles brevemente e ja disfarçavam, como se o ato de deixar de olhar pudesse de alguma forma fazer aquele homem medonho sair da mente deles. Talvez era a neve que caia naquela noite, talvez era a frieza de coraçao desses habitantes de Nova York, mas os dois andavam na rua como se fossem quase invisiveis.
A noite estava fria, e o homen que a levava estava puxando com urgencia, olhando sobre seus hombros largos de tempo em tempo, como se ele pensasse que estava sendo seguido. Ela olhava pra tras e nao via nada. Foi entao que ele fez uma curva e começou a caminhar em direçao a uma boate tecno, furando a fila ate a porta. Os as pessoas da fila se viravam pra xingar quem os estava empurrando pro lado, mas logo que viam a cara do homem, ja se silenciavam e davam brecha.
O homem andava como um tanque, com o seu sobretudo negro e rasgado, seu jeans esfolado e seu cuturno velho e desbotado. Amanda estava com sua roupa de sempre, uma sainha de couro apertadinha dois palmos acima do joelho, uma meia calça negra e sapatos vermelhos, e uma jaqueta de pelo de chinchila falsa, cinza e mais ou menos inteira. A vida de uma prostituda nao era facil, e com 3 filhos pequenos pra criar e um vicio em pedra pra cultivar, ela nao gastava muito em roupa. Alem disso os clientes dela queriam o que estava debaixo das roupas dela, e a garota da noite de apenas 32 anos, ex professora de prezinho desempregada, fazia yoga religiosamente e o unicos cabelos no seu corpo era seu cabelo louro e falso, e suas sombrancelhas.
Os seguranças olharam um pra cara do outro, e para a cara do homem, e o deixaram passar, Amanda sorriu, mostrando os seus dentes perfeitos, meio amarelados pelo uso da pedra, se sentindo importante porque o homem que estava com ela era obviamente alguem importante. Era a terceira noite que ela passou com esse homem, e ela nao sabia o seu nome. Ele nao falava muito, nem dentro nem fora do quarto, mas na hora de possuir o seu corpo, ele a tratava como um objeto e fazia com ela o que ele queria, e ela gostava disso. Ela se sentia atraida a ele, apesar da sua aparencia e ela nao sabia porque, talvez era sua cara e seu jeito, como se fosse um barbaro antigo, bruto e selvagem. Por horas durante a noite depois do sexo, ele passava um liquido meio rosado nas suas partes intimas, esse liquido ardia um pouco, mas ele se deliciava lambendo cada centrimetro do corpo dela, deixando marcas dos seus dentes e labios, lambendo o liquido todo.
O homem ainda olhava sobre seus ombros mesmo dentro da boate, e na segunda vez que ela tambem olhou ela viu um grupo de pessoas entrando pela porta, com certeza em busca de alguem. Dois homens e duas mulheres, bem vestidos e jovens, olhavam para o povo dançando e se divertindo. Foi nesse momento que o homem a prensou contra uma parede, e começou a beija-la profundamente, enfiando a sua longa lingua dentro de sua boca. A lingua dele tinha um gosto estranho...de sangue ou algo com gosto de ferro, extranho. Ela deixou escapar um suspiro, quando ele apertou os piercings que ele mesmo botou nos seios dela...nunca ninguem tinha feito nada disso com seu corpo, mas com ele, ja na segunda noite ela nao conseguia dizer nao.
Somente quando ele parou de beijala que ela se deu conta do que estava acontecendo...os quatro da porta estavam em volta dela e dele, os quatro tao palidos quanto o homem que estava com ela. Eles estavam em silencio, e o homem que a beijava virou para um e perguntou:
"O que voces querem dessa vez?" Ele disse com uma voz cheia de rancor e desprezo, feral...um rosnado, mais bestial do que humano. O som da voz dele fez o coraçao dela acelerar de medo, e ela começou a sentir medo dele pela primeira vez.
"O Gabriel quer te ver. Disse que tem algo muito importante para discutir com voce" Disse uma mulher asiatica, magra e palida, com labios vermelhos e com olhos negros que secavam Amanda com desprezo e nojo.
"Vai pro infeno, eu ja falei que nao quero trabalhar pra voces" Disse ele com a mesma voz, e seus olhos arranhavam os quatro ao lado dele, com odio e raiva.
"Se voce nao vier de bom grado...senhor...a gente te leva a força" Disse um dos homens, um magro alemao com uma cara de fresco, usando oculos escuros no meio da boate.
O homen começou a rir, as luzes da boate brilhando o seu cabelo engomado. Amanda, com seu coraçao acelerado, seus instintos dizendo a ela para que sumisse dali naquele instante. Ela tentou sair de mansinho, mas o homem a empurrou contra a parede, e balançou a cabeça, dizendo nao. Ela estava respirando mais depressa agora, seu coraçao martelando contra seu peito, medo tomando controle da sua mente. Os quatro deram um passo pra frente, chegando mais perto deles, Amanda botou suas maos no homem que foi sua compania nos ultimos 3 dias, buscando proteçao. Ele olhou pra ela com um olhar que pedia para que ela o desculpasse, mas ele nao falou nada. Ela ficou perdida naquele olhar por um instante, sentindo seu coraçao se acalmar. Foi quando ela percebeu, como se fosse camera lenta, que o homem tirou debaixo de seu sobretudo, uma doze de cano duplo, cano cerrado, e levantou a arma ate debaixo do queixo dela. Terror e medo a congelaram, e suas palavras se afogaram na sua garganta, somente os olhos dela mostravam o quao desesperada ela estava. Os quatro pararam de fechar o cerco, e ele olhou pra mulher asiatica, e depois para Amanda.
"Deixa ela ir, ela nao tem nada a ver com isso. Voce vai atrair atençao, o Gabriel nao vai gostar" Disse a mulher ruiva, linda, com um vestido elegante azul escuro. A beleza dela quase fez Amanda esquecer que estava com uma escopeta embaixo de seu queixo.
"Por favor, eu tenho tres filhos, eu fiz tudo o que voce quis, me deixa ir, eu vou esquecer voce e tudo isso, so me deixa ir por favor" Amanda suplicava com uma voz enxarcada de medo, lagrimas corriam e manchavam sua maquiagem barata.
"Eu vou deixar voce ir...Adeus Amanda" Disse o homem, seu rosto sem emoçao. Amanda sentiu a escopeta mexer lentamente sob seu queixo, e derrepente uma cortina de sangue cegou seus olhos, e por um breve instante seus olhos viram o teto baixar sobre sua cabeça, e essa foi a ultima coisa que Amanda viu em sua vida.
O estouro da escopeta de cano duplo causou um tumulto dentro da boate, a cabeça de Amanda explodindo completamente, espalhando seu cerebro e seu cabelo loiro e falso sobre a parede e atingindo luzes no teto, manchando com sangue uma boa parte da parede aonde estava. Seu corpo caiu de joelhos no chao, e seu torso bateu no piso da boate como um saco carne, se esparramando e jorrando sangue. Panico e terror dominou a boate imediatamente, e pessoas começaram a correr por todas as direçoes, desespero fazendo com que as pessoas se atropelassem ate a porta.
O homem que estava com Amanda, e os quatro que os cercavam, desapareceram dentro da multidao.
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